Corpo em poema
Se eu pudesse escrever meu corpo
talvez fizesse uma poesia satírica.
Dura, estilhaçante, apaixonada.
Cantaria a mágoa e a revolta
daqueles que não têm outra opção
a não ser uma batalha permanente.
E nunca silenciam,
Viria num livro rasgado
cheio de ira pelo cor-de-rosa que foi
e de ansiedade pelas cores que poderá ser.
Algo entre a descoberta e a decreptude
entre um soluço abafado, solitário
e um grito de libertação e encantamento.
Sem a métrica-sofisticação da arte-pela-arte.
Poema de rua, Samba, Cordel
p´ra gente de peito aberto
e olhos que buscam sentidos.
Poema p´ra ser cantado, dançado em roda,
declamado em manifestações.
Ou talvez fosse simplesmente
uma carta de amor à humanidade.
Delicado pedido de aconchego e silêncio.
A busca de um canto no mundo,
miudinho que seja,
onde não seja preciso brigar para ser.
Mãos brincantes. Argila.
Amigos. Amigas. Amores.
Ombro para recostar. Partilha.
Acho que assim seria meu corpoema.
(escrito em 29.11.08)
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