"Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos" Manoel de Barros

terça-feira, novembro 04, 2008

O encontro das luas

Sete luas têm no meu planeta. Sete é meu número da sorte, e sempre que preciso apostar em um número, vou certeira. Nunca parei para pensar se dá certo ou errado, isso não importa. É uma espécie de amuleto esse meu sete.

Pois bem, sete luas têm no meu planeta, mas houve uma noite em que não apareceu nenhuma. Deve ter tido encontro de luas num reino distante, regado a vinho, música, confidências e confabulações, pelo menos assim me contaram os mais antigos. Sei que ninguém avisou, e o céu ficou todo escuro, e todo mundo achou tudo muito estranho, e foi então que a gente se deu conta de que havia sete luas no planeta.

Nessa noite, escutei, como quem não quer nada, uma conversa da velha feiticeira com um aprendiz. Disseram que elas se cansaram de ser apenas lua, sempre ali no mesmo lugar, todas as noites, de um lado a outro do céu. Se cansaram de apenas iluminar a escuridão e ser inspiração para poetas, amantes e pesquisadores. Queriam criar, ser mais, e foram inventar outros lugares para as luas. Inventaram, inventaram e subverteram tudo. Viraram o mundo de cabeça pra baixo só porque resolveram se encontrar.

Sei que o dia seguinte amanheceu ainda mais esquisito, engraçado de doer. Toda a gente olhava pra tudo meio desconfiada, e parecia que as coisas e as pessoas haviam mudado de cor. E à noite, quase que se escutava riso de lua por toda parte.

Desde aquele dia, todos os dias, próximo ao entardecer, não há uma só pessoa que não se pergunte se aquela noite aluará.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial