De mim, saudade.
Ontem quase queimei todas as cartas
da caixa azul
do alto do armário.
Mas antes de queimá-las
ousei abri-las
e lê-las.
Fiquei com elas.
De mim, saudade.
Pétalas de flores
dum tempo em que eu era capaz
de guardar pétalas de flores
com bilhetes e ingressos de festivais.
De mim, saudade.
É verão, a cidade sorri
enquanto eu me acinzento.
Ela me olhou
e me desmontou toda
quando mostrava, quase sem mostrar,
a janela, o samba, a rosa
quando me dizia, quase sem dizer,
que a vida tem muitas cores
e pede mais.
Então ela saiu, quase sem sair.
A janela para abrir.
Tantas coisas por pintar.
E eu, num medo danado,
debaixo do cobertor.
Com saudade do que fui
e do que nem cheguei a ser.
De mim, saudade.
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