A Palavra e o Ventre
Ei, moço! Tem uma palavra pedindo para entrar.
Naquele espaço entre a língua e o céu da boca
a palavra se espreguiça, ensaia pôr-se de pé.
Palavra-pensamento
Sentimento-palavra
Palavra que busca forma no impalpável
Palavra-mãe
que põe o ventre no colo
e lhe conta contos para dormir.
Mas o ventre não dorme.
O ventre esperneia
--------- delira em febre
--------- convulsiona
E a palavra, sem poder sair ou entrar
apanha tela, tinha fresca
e fragmentada se autoretrata,
urge expressar-se.
Cansada, a palavra se rende ao silêncio
e o ventre, então, recosta em seu peito.
No peito - palavra sem forma que sonha
o ventre também adormece.
E do encontro no peito do ventre com a palavra
o mundo não sairá mais o mesmo.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial